#@ Sempre ouvi a minha mãe dizer, desde que me lembro de "ser gente", que os filhos são "esponjas" que absorvem tudo o que nós, pais, lhes transmitimos; mostramos e ensinamos, bem como têm tendência para repetir os comportamentos e atitudes que temos para com eles.
Confesso que antes de mãe e "sentir na pele" este fato, nunca lhe tinha dado a devida importância (para ser sincera, nem me lembrava muito dele...) - até ao dia em que aconteceu o "abre olhos"... Sim, eu sei que "comportamento gera comportamento", mas não tinha noção do impacto que as minhas atitudes (mesmo as feitas inconscientemente!), tinham na Mariana.
Num destes dias, cheguei a casa cansada e completamente desanimada, após um "daqueles dias" que todos temos, em que parece que o mundo "conspira contra nós". Dei o beijinho e o abraço "da praxe" à Mariana, que ficou na sala a brincar; o maridão saiu para fazer mais uma noite; e eu fui direta ao quarto, onde me estendi ao comprido de cima da cama, respirei fundo; e deixei que as lágrimas "seguissem o seu curso", de forma a aliviar a tensão acumulada.
Passaram nem dez minutos, "recompus-me"; levantei-me e digiri-me à sala para brincar um pouco com a princesa antes de jantar, escondendo claro (pensava eu!) o desânimo que "trazia cá dentro".
"Fofinha, queres brincar ao quê hoje? Ainda podemos brincar um bocadinho antes do jantar", disse-lhe com o maior sorriso que consegui fazer.
"Hoje não quero brincar mamã. Estou triste como tu. Tive um dia mau."
"O quê filha? Um dia mau? Que se passou? Mas olha, eu não estou triste."
"Estás sim. Vens com aquela cara que eu não gosto e sem sorrir. Eu já sei que tiveste um dia mau, porque chegas a casa e não dás gargalhadas. Por isso eu também quero ser como tu e tive um dia mau".
Escusado será dizer que foi como se uma flecha me tivesse atingido o peito... Então é "isto" que eu estou a transmitir à Mariana? Não, não pode ser. Não que o esteja a fazer de propósito - antes pelo contrário, nem me tinha apercebido, - mas tenho de parar. Rapidamente.
Apesar de doer, este "abre olhos" chegou em "boa hora": permitiu-me ver, a tempo, a imagem errada e derrotista que estou a transmitir à minha filha. E não o quero. De forma alguma.
Na verdade, mais do que nunca, tive a certeza: o exemplo e a coerência entre o que dizemos e o que fazemos são os maiores professores na formação da personalidade dos nossos filhos. Porque eles irão seguir o nosso exemplo, não os nossos conselhos - que nunca nos esqueçamos disso <3... Como um "presente surpresa" (e embora não seja fácil), vamos deixar que os nossos filhos "exercitem" os seus talentos um a um, confiando neles e permitindo-lhes criar o seu próprio caminho.
Já vos aconteceu passarem por alguma situação idêntica? Já tinham pensado "nisto" desta perspetiva? Contem-me tudo; "sou toda ouvidos".
Até ao próximo post!
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