segunda-feira, 7 de outubro de 2019

"Testemunhos de Mães Reais: "Demorei cerca de um ano a aceitar o que o meu filho tem"

#@ São muitos os contatos que recebo através da página de facebook do blogue com testemunhos; desabafos; palavras de incentivo e de carinho; e partilha de experiências de quem nos segue. Algumas destas partilhas são verdadeiras histórias inspiradoras; testemunhos reais, que nos dão a conhecer a verdade nua e crua da vida de uma mãe, sem "pós de fada" ou arco-íris cor-de-rosa.

Tenho aprendido muito com estas histórias; motivam-me, incentivam-me verdadeiramente a ter vontade de ser mais e melhor. Por isso, decidi partilhá-las convosco, com a autorização de quem mas envia, para que saibam que não estão sozinhas, e para que tenham um pouco mais de inspiração nas vossas vidas (que às vezes faz tanta falta!)...

Assim nasceu este espaço: Testemunhos de Mães Reais, da autoria de Mães Reais, para Mães Reais. Perfeitamente Imperfeitas. Guerreiras. Cheias de amor para dar. E o vosso feedback tem sido tão bom 💜.

Hoje partilho convosco mais uma história; a da Vera e do seu coração azul.
Uma história de muita força; coragem; dedicação; entrega. Um exemplo de vida, de amor, de superação.

Ora leiam:

"Olá! Sou a Vera, mãe de um menino com PEA (Perturbação do Espectro do Autismo).

O meu "coração azul" tem 5 anos e foi diagnosticado com cerca de um ano e meio.
Numa consulta de rotina, a médica de família notou que algo estava errado com o menino e aconselhou-nos a consultar uma pediatra especialista em perturbações do espectro do autismo.
Logo na consulta, a médica viu que o menino tinha tónus baixo, não fazia contacto ocular, entre outros sinais relevantes neste diagnóstico.

Apesar de querermos que a médica nos desse a resposta verdadeira, não estávamos preparados para a ouvir. Eu pessoalmente demorei cerca de um ano até aceitar o que o meu filho tem.
Contudo, desde logo o meu coração azul foi intervencionado através do apoio da intervenção precoce e posteriormente numa pré-escola com ensino estruturado.

Tivemos de nos adaptar a muitas rotinas, estudar o que desconhecíamos, lidar com o desconhecimento dos outros.
Graças às várias terapias que foi tendo, desde terapia da fala, ocupacional, musicoterapia, natação (com uma professora só para ele), o meu coração azul evoluiu favoravelmente e hoje alguns dos traços iniciais de PEA desapareceram.
Depois novas sessões de terapia da fala e ocupacional, tudo de novo, quais as melhores estratégias a aplicar, os PECS, "mas ele aprende tão facilmente a linguagem gestual"! E aí os meus olhos enchem-se de lágrimas, porque sinto que será um retrocesso quando na verdade poderá ser um avanço? Tudo se torna evidência quando vejo que quer comunicar e não consegue, não me transmite o que quer, e ao fim de 5 minutos de "birra", teimosia e frustração, lá vejo o simples que era ir cortar um pedaço do saco da papa! Ele não comunica, imita o que peço para dizer, mas não comunicou... e era tão simples... Se tivesse comunicado teria percebido o simples que era, fosse através dos PECS ou linguagem gestual...

Partilho convosco duas situações que encheram o meu coração de esperança:

Decidimos comprar uma bicicleta nova para o meu coração azul. Disse-lhe "vamos comprar uma bicicleta nova"! Ele saltou do triciclo e correu direito à porta de entrada e disse "bicicleta". Fiquei felicíssima! Percebeu tudo o que eu lhe disse! Quando descemos direito ao carro, ele fez uma birra porque queria ir ao anexo, não nos deixou sair de carro enquanto não foi ao anexo... Esperava ir lá buscar a bicicleta dele. Afinal só percebeu bicicleta. Não percebeu que ia ter uma nova! Já na loja, andou na bicicleta mas não queria vir embora, pois não queria lá deixar a bicicleta! Só depois de o obrigarmos a sair com a bicicleta é que percebeu que era para ele! Aí nem entrou no carro enquanto a bicicleta não ficou arrumada no porta-bagagens! Moral da história: o nosso coração azul adquire vocabulário e aprende realmente o significado de algumas palavras, mas, infelizmente, não de todas as palavras 💙💙.

Recentemente, quando fui buscálo à escola mostrei-lhe dois símbolos. O do parque e o de casa. Eu já tinha feito o filme todo. Julguei que ele ia repetir o que eu iria dizer "casa" e "parque" e que ficaríamos por aí. Mas a boa notícia é que ele escolheu logo, olhou atentamente para os símbolos, e disse parque, agarrando o símbolo. Se ele me dissesse parque eu não entenderia pois não se percebe "parque". Mas fiquei mesmo surpreendida! Ele escolheu, que avanço! Espero que daqui a uns tempos seja ele a chegar ao pé de mim com exigências para ir ao parque 😍! A parte engraçada é que, depois da ida ao parque, mostrei-lhe a casa e ele disse "não"! Não queria ir para casa!

Neste momento mudámos de cidade, ele integrou uma nova pré-escola e está a começar tudo de novo. Na minha página "O meu coração é azul" vou descrevendo o meu dia-a-dia, as dificuldades por que passo e as alegrias que o meu coração azul me proporciona! Sigam a nossa história e partilhem a vossa também aqui. É bom saber que não estamos sozinhos ❤!"
Testemunho da mãe Vera 💖.

Caso queiram partilhar o vosso testemunho, sintam-se à vontade para me contatar via e-mail: bloguedamamdobazar@gmail.com ou através de mensagem privada na página de facebook do blogue. Se optarem por manter o anonimato, o mesmo será respeitado. 

Lembrem-se sempre: "não tenham medo de partilhar a vossa história, pois não sabem quem poderão estar a ajudar/inspirar" ❤.

Até ao próximo Testemunho 💖.

Nota: o Facebook mudou o algoritmo; vão ver mais posts dos vossos amigos e menos de páginas onde deixaram o vosso like. Querem saber quando há publicações nossas e estar sempre a par das novidades? Então na página de facebook do blogue, clicam onde diz “A Seguir” e selecionam "Ver Primeiro".
Sigam-nos ainda no Instagram aqui e no blogspot também conto convosco - vão à página inicial aqui do blogue; no canto superior direito clicam "seguir" e já está 😊.

@Mamã do @Bazar @#

Sem comentários:

Enviar um comentário

"Não gosto do que vejo..."

#@ ... Era a frase que mais dizia para mim mesma quando me olhava no espelho. Não o dizia em voz alta. Calava-o. Guardava-o. Reprimia-o. Diz...