quinta-feira, 18 de julho de 2019

"Não nasci para ser mãe"

#@ Recentemente, recebi uma mensagem, através da página de facebook do blogue, do desabafo de uma mãe "desmotivada", que me disse que "não nasceu para ser mãe" (pretende o anonimato); que se sentia triste; de coração "partido"; sozinha; um "ser humano desesperado", foi esta a expressão que usou no texto emotivo que me fez chegar.

Confesso que fiquei muito assustada quando li o texto (infelizmente não li a mensagem na hora em que chegou, mas sim quando ia a caminho de casa, depois de sair do trabalho), e respondi o mais breve que me foi possível, e fiquei "colada ao ecrã" a aguardar resposta. Felizmente a resposta chegou, e eu respirei de alívio.

Muito resumidamente, a "Mãe R.", chamemos-lhe assim, partilhou num grupo de mães do facebook, que se sentia uma péssima mãe, porque sentia que tinha de "sair", espairecer, ficar uns dias longe dos filhos, e se sentia "a explodir", sem forças e no "limite". Questionou se mais alguém se sentia assim, e caso houvesse, como o conseguiram ultrapassar?
As respostas não podiam ter sido mais ofensivas - desde críticas por "se queixar quando há tanta gente que não consegue ter filhos"; a apontares de dedo por não saber "dar valor ao que tem"; a acusações por "ser uma mãe desleixada e se não tinha vergonha do que escreveu"; sendo que algumas mães foram ainda mais longe, afirmando que "uma pessoa que diz/escreve algo assim não nasceu para ser mãe, de certeza"....

Estas mães, não têm noção do efeito que as suas palavras tiveram na "Mãe R."... Se já se sentia sozinha e assustada; e uma péssima mãe, ficou ainda a sentir-se pior, e a acreditar, que o seu desabafo era o de uma mulher que não nasceu para ser mãe; que não merecia os dois filhos que tinha; que "Deus ia castigá-la".
Conseguem imaginar o que é isto?!?! Uma pessoa sentir-se deprimida, desesperada, sozinha, e procurar apoio num grupo de mães que, supostamente, iria entender melhor do que ninguém o que ela estaria a sentir; que não iriam julgá-la; que ela desabafou algo pessoal em busca de um conselho; uma palavra amiga; uma força, e ser "esmagada" desta forma fria e "bruta"?
Houve um desfecho feliz porque a "Mãe R." acabou por desabafar com a família e procurou ajuda. Mas poderia não ser assim... Nem tenho palavras... ❤

O meu intuito com esta partilha é mostrar-vos como a opinião das pessoas, sobretudo quando estamos mais frágeis ou "em baixo", é capaz de nos fazer crer de que não somos bons o suficiente, de que não somos capazes, ao ponto de uma mãe acreditar que não nasceu para ser mãe; e, até, ter "vontade", em desespero, de fazer algo que não teria volta...
Porque "esta mãe" podia ser qualquer uma de nós; é como nós; chora como nós;sofre como nós;luta todos os dias para dar o melhor de si aos seus filhos, como nós.

Não digo que todas as opiniões que nos dão sejam com más intenções ou com o intuito de ter este efeito, digo sim que as pessoas (família, amigos, colegas, conhecidos, grupos online, ...) devem ter imenso cuidado com as palavras e expressões que usam; com a forma como dizem as coisas; com o timing com que as dizem - é que podem estar, sem saber, a fazer-nos assentir que somos algo que não somos; a fazer-nos duvidar de nós mesmos; do que somos e como somos; e até de nos levar a "cometer atos desesperados"...

Por isso, deixo mais uma vez o alerta: mais empatia, mais amizade e menos julgamento e apontares de dedo. Será que pode ser?...

Já vos aconteceu passarem por algo assim? Eu confesso que já ouvi alguns palpites "pouco simpáticos" (e até partilhei convosco!), mas, até à data, tenho conseguido "relativizar". E vocês? 
Qual a vossa opinião?

Temos encontro marcado no próximo post!

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@Mamã do @Bazar @#

6 comentários:

  1. Quantas de nós, diariamente não precisamos de um pequeno momento a sós, longe de tudo e todos incluindo dos nossos filhos, para respirarmos fundo, para nos encontrarmos como individuos? Quantas vezes nos passa pela cabeça sair pela porta fora sem destino só para arejar a cabeça? Todas de certeza. Umas mais, outras menos mas acho que todas as mães atingem niveis de cansaço e saturação que nos levam a momentos às vezes de desespero. Quem passar por exemplo por uma depressão pós parto então ainda ficará pior. Tudo isto é normal, tudo isto é ser-se humano, mas as mulheres entre si por vezes são muito crueis, numa tentativa de parecerem melhores do que as outras comuns mortais, debitam atras de um monitor, todo o veneno e frustração acumulados para cima de alguém que "cometeu o erro" de se abrir, de expor as suas fraquezas comuns a quase todas nós. Quem me dera que antes de falarem, todas se tentassem por no lugar da outra pessoa e pensarem se gostariam de ler aquilo que tão prontamente estão disposta a dizer aos outros.

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  2. As pessoas são mesmo más. Quando alguém precisa de ajuda, uma palavra amiga faz milagres. E só quem já passou ou passa sabe dar o devido valor ��

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  3. De facto o caminho mais difícil que existe é o que nos leva ao lugar do outro.. e infelizmente a única coisa que não nos pertence, é a 1a a ser feita, julgar ... é de lamentar vindo de outras mães tais comentários quando todas que passamos pela maternidade sabemos que por vezes não é fácil gerir tantas mudanças e pior, se disserem que não estão a mentir pois todas nós que fomos e somos mães por vezes senti-mo nos tal como a Mãe R se sentiu!! Lamentável mesmo! Mais amor por favor pois do resto o mundo está cheio!!!

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