quinta-feira, 1 de novembro de 2018

"Tenho medo de engravidar..."

#@ Sim, é verdade. Muitos de vocês, que me acompanham diariamente, podem achar estranha ou descabida esta afirmação. Alguns poderão até ficar ficar confusos, mas foi o que senti quando decidimos que estava na altura de sermos pais; de aumentar a nossa família; de gerar e dar vida... Já vos explico porquê...

Sempre fui uma pessoa saudável, tirando as constantes amigdalites (que se resolveram com a retirada das amigdalas e endireitar o septo nasal, em Fevereiro de 2017) e as normalísismas doenças da infância. No entanto, pairava sobre mim uma nuvem negra, digamos assim, um medo que tentava disfarçar e esconder; até mesmo "esquecer", e que se manteve "adormecido" até surgir a decisão de ser mãe...

Não é um assunto fácil para mim, mas como vos digo sempre, escrever alivia-me a alma e ajuda a "descarregar" o que trago cá dentro; é como se tirasse "um peso" do peito e ficasse com um alívio imenso no coração. Por isso, tomei a decisão de partilhar convosco a nossa história (minha e dos meus pais), para que o exemplo de força dos meus pais, sirva um pouco de motivação a todos os casais que sofrem a perda de um filho.

Desde que casaram, os meus pais sempre sentiram a vontade de aumentar a família: "pelo menos dois", diziam ambos (cada um com cinco irmãos, percebe-se bem o porquê). Portanto, foi com grande alegria, que receberam a boa nova da primeira gravidez da minha mãe, uma menina, muito desejada e amada, desde o primeiro instante.
A gravidez não foi fácil, altos e baixos, muitos sustos, várias ameaças de aborto, mas correu tudo bem, até a altura do parto. Houve inúmeras complicações, e a bebé acabou por falecer no primeiro mês de vida. E aqui se iniciaria o pesadelo dos meus pais...

Não vou entrar em muitos detalhes, porque é algo demasiado doloroso e da privacidade dos meus queridos pais, mas posso dizer-vos que foram cinco perdas gestacionais; cinco bebés estrelinhas no céu (dos quais dois foi feito funeral); cinco irmãos que não conheci; cinco dores profundas (cujas cicratizes de duas cesarianas (sem contar com a minha)) relembram a minha mãe, cada vez que se olha no espelho; cinco facadas no coração dos meus pais; cinco dores inimagináveis que viveram e ultrapassaram juntos...

Sim, eu sou a sexta gravidez da minha mãe, após anos de dor e sofrimento, quando já tinham desistido de acreditar, quando já tinham medo de tentar, quando os médicos diziam que era loucura passar por tudo novamente. A minha mãe não desistiu. Sacrificou-se. Acreditou. Lutou. Foi uma verdadeira força da natureza. A minha heroína. O amor incondicional que sempre me embalou e carregou no colo. Presente, mesmo estando distante fisicamente. E hoje, aqui estou eu, também mãe, a amar ainda mais a minha mãe e a admirá-la. A ansiar que ela faça parte da nossa vida por muitos anos.

E o meu pai, um Verdadeiro Pai. Presente. Amigo. Cúmplice. A amar. A cuidar. A proteger. A nunca deixar de acreditar. A ter fé, sempre, mesmo quando tudo apontava para o impossível. A carregar a minha mãe no colo, quando as pernas estavam cansadas demais para andar. Um verdadeiro herói. O meu herói. O meu pai.

E agora voltamos ao título deste post, o medo de engravidar... Que eu sentia por tudo o que sei que os meus pais passaram. Que o meu obstetra dizia que não era hereditário. Que o marido garantia que ia correr bem. Que os meus pais me tranquilizavam com palavras de carinho. Sim, eu sabia de tudo isto, racionalmente, mas emocionalmente, a história era outra... E o medo, manteve-se até final da gravidez (embora tenha tudo corrido bem, felizmente); esse medo que me acompanha e também me faz hesitar em avançar para um segundo filho (entre outros que partilhei convosco)...

Não foi fácil falar/escrever sobre esta dor. Mas fi-lo porque espero que ajude e motive todas as mães que passaram pelo mesmo. Para que saibam que não estão sozinhas. Para que nunca desistam. Para que acreditem. Para que a força e o amor nunca vos abandone.
Alguém tem alguma história que queira partilhar/desabafar? Este é o nosso "espaço". E ao desabafarmos e partilharmos os nossos medos, estamos a ajudar-nos💗. Por isso sintam-se à vontade para o fazer.

Temos encontro marcado no próximo post!

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@Mamã do @Bazar @#

2 comentários:

  1. Eu tive um parto as 24 semanas e o meu filho não resistiu mais que duas horas. A segunda gravidez foi muito atribulada, mas terminou em bem. Temos uma menina. Mas o meu marido tem medo que volte a engravidar. Medo de passar por tudo novamente...

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