#@ Este é um tema que me irrita bastante: a ideia pré-concebida que a sociedade "tem e impõe" de que devem ser as mães a ficar com os filhos quando eles estão doentes. Não me interpretem mal: fico com a minha filha sem qualquer problema ou constrangimento, não o entendo como uma obrigação, mas sim como algo natural, que "vem" com a maternidade. Assim como a minha mãe fez o mesmo comigo. E a minha avó com ela, e os nossos antepassados também. Mas, não consigo entender, o porquê de tanto espanto, quando é o pai a ficar com o filho?!?
Como sabem, não temos família perto, e o "senhor cá de casa" trabalha por turnos, por isso, cada vez que há uma ite ou uma doença, ou uma virose, há sempre um de nós que tem de faltar (podem ler ou reler aqui e aqui) - e é uma "ginástica complicada", pois não temos "ninguém" que nos ajude com nada (nem para ter cinco minutos de descanso ou que nos faça uma simples sopa, por exemplo). Não encarem este post como uma queixa, mas sim como um desabafo, que espero "mude mentalidades".
A semana passada, a Mariana esteve com gastro - vómitos, diarreia e febre. Por questão de precaução para com os coleguinhas da escola, por causa do calor, e até mesmo por ela própria (pois estava mais sensível, e por isso mais suscétivel a desenvolver outro tipo de infeções), a pediatra indicou que deveria ficar, pelo menos, cinco dias em casa (de segunda a sexta-feira, portanto).
Como é óbvio, isso nem se pôs em causa: uma vez que as avós não conseguiam vir de Viseu para ficar com ela, teríamos de ser nós a faltar ao trabalho. Ora, como o "maridão" estava de folga terça e quinta-feira, decidimos que esses dois dias estaria ele com a Mariana, e os outros três eu usaria os dias de assistência à família (este ano ainda não tinha usado nenhum - milagre!) e ela ficaria comigo. Até aqui tudo normal, acho eu.
Mas... enganei-me. Não imaginam a quantidade de pessoas (colegas, sobretudo, e alguns vizinhos) que ficaram espantados com o fato de eu não ter ficado os dias todos com ela, e de o pai ter "substituído a mãe". Ouvi comentários como: "eu não confiava no meu marido para deixar um filho doente"; "se ela vomita aposto que ele não sabe o que fazer"; "não sei como consegues vir trabalhar descansada sabendo que ela ficou com o pai"; "pai é pai, mas mãe é mãe, e eles não têm capacidade de cuidar como nós"; "gabo-te a coragem - deixar um filho meu doente em casa com o pai é assim algo que jamais me passaria pela cabeça"; "não acho normal a vossa decisão; a mãe é quem cuida das doenças, não o pai"; podia contar-vos mais algumas das "pérolas" que ouvi, mas penso que estas já dão para ter uma ideia 🙄...
Admito que tive de "morder a língua" diversas vezes para não responder à altura, mas optei por fazer o sorriso amarelo, dizer mentalmente "fala com a mão; da minha vida sei eu", e dar-lhes a resposta neste post.
Ora digam-me cá: desde quando é que um pai não sabe cuidar dos seus filhos? Desde quando é que um pai é tão incapacitado, que não consegue ficar em casa a cuidar, mimar, dar colo, alimentar e dar a medicação nas horas certas a um filho doente? Desde quando "virou crime" repartir os dias de assistência à família com o companheiro, se é o que funciona melhor para a rotina familiar? Expliquem-me, porque eu não entendo.
Sei bem que o amor de mãe é incondicional, que nos sacríficamos, que nos pomos em segundo plano sem hesitar, que temos super poderes, que somos dotadas de força e coragem sobrenaturais, que vamos a todas, que não desistimos, que temos sempre mimo e colo para dar, mesmo que o mundo esteja a desabar. Sei isso e reconheço isso.
Mas também sei que os pais, os verdadeiros pais, "vão a todas"; são capazes de proteger os filhos com unhas e dentes; dar colo e aconchego a qualquer hora e lugar; passar noites em claro a vigiar os filhos doentes; passar dias a acarinhar e cuidar dos dói-dois quando a mãe vai trabalhar; caminhar ao nosos lado, sofrer connosco, chorar connosco, dizer-nos que não faz mal estarmos cansadas, e relembram-nos todos os dias que somos as melhores mães que os nossos filhos podem ter, dando-nos coragem para não duvidarmos de nós, de quem somos, do que somos.
E sabem como se chama isto? Amor, união, equipa, carinho, família. Simples assim.
Por isso às vozes críticas que me apontaram o dedo a semana passada, só tenho isto a dizer: Um verdadeiro pai também fica. Não se vai. Também cuida dos filhos doentes. Também sente dor. Também tem medo. Mas também tem instinto paternal. Nunca abandona nem desiste. Ama incondicionalmente. Todos os dias. Sem hesitar. Para sempre.
Espero ter sido clara.
Já vos aconteceu algo do género? Os vossos companheiros também costumam ficar com os filhos quando estão doentes? Digam-me sinceramente: será que sou eu que estou a "ver mal a coisa"? As vossas opiniões são bem vindas, e eu "sou toda ouvidos".
Temos encontro marcado no próximo post!
Como é óbvio, isso nem se pôs em causa: uma vez que as avós não conseguiam vir de Viseu para ficar com ela, teríamos de ser nós a faltar ao trabalho. Ora, como o "maridão" estava de folga terça e quinta-feira, decidimos que esses dois dias estaria ele com a Mariana, e os outros três eu usaria os dias de assistência à família (este ano ainda não tinha usado nenhum - milagre!) e ela ficaria comigo. Até aqui tudo normal, acho eu.
Mas... enganei-me. Não imaginam a quantidade de pessoas (colegas, sobretudo, e alguns vizinhos) que ficaram espantados com o fato de eu não ter ficado os dias todos com ela, e de o pai ter "substituído a mãe". Ouvi comentários como: "eu não confiava no meu marido para deixar um filho doente"; "se ela vomita aposto que ele não sabe o que fazer"; "não sei como consegues vir trabalhar descansada sabendo que ela ficou com o pai"; "pai é pai, mas mãe é mãe, e eles não têm capacidade de cuidar como nós"; "gabo-te a coragem - deixar um filho meu doente em casa com o pai é assim algo que jamais me passaria pela cabeça"; "não acho normal a vossa decisão; a mãe é quem cuida das doenças, não o pai"; podia contar-vos mais algumas das "pérolas" que ouvi, mas penso que estas já dão para ter uma ideia 🙄...
Admito que tive de "morder a língua" diversas vezes para não responder à altura, mas optei por fazer o sorriso amarelo, dizer mentalmente "fala com a mão; da minha vida sei eu", e dar-lhes a resposta neste post.
Ora digam-me cá: desde quando é que um pai não sabe cuidar dos seus filhos? Desde quando é que um pai é tão incapacitado, que não consegue ficar em casa a cuidar, mimar, dar colo, alimentar e dar a medicação nas horas certas a um filho doente? Desde quando "virou crime" repartir os dias de assistência à família com o companheiro, se é o que funciona melhor para a rotina familiar? Expliquem-me, porque eu não entendo.
Sei bem que o amor de mãe é incondicional, que nos sacríficamos, que nos pomos em segundo plano sem hesitar, que temos super poderes, que somos dotadas de força e coragem sobrenaturais, que vamos a todas, que não desistimos, que temos sempre mimo e colo para dar, mesmo que o mundo esteja a desabar. Sei isso e reconheço isso.
Mas também sei que os pais, os verdadeiros pais, "vão a todas"; são capazes de proteger os filhos com unhas e dentes; dar colo e aconchego a qualquer hora e lugar; passar noites em claro a vigiar os filhos doentes; passar dias a acarinhar e cuidar dos dói-dois quando a mãe vai trabalhar; caminhar ao nosos lado, sofrer connosco, chorar connosco, dizer-nos que não faz mal estarmos cansadas, e relembram-nos todos os dias que somos as melhores mães que os nossos filhos podem ter, dando-nos coragem para não duvidarmos de nós, de quem somos, do que somos.
E sabem como se chama isto? Amor, união, equipa, carinho, família. Simples assim.
Por isso às vozes críticas que me apontaram o dedo a semana passada, só tenho isto a dizer: Um verdadeiro pai também fica. Não se vai. Também cuida dos filhos doentes. Também sente dor. Também tem medo. Mas também tem instinto paternal. Nunca abandona nem desiste. Ama incondicionalmente. Todos os dias. Sem hesitar. Para sempre.
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